O Núcleo de Investigação do Diário de Macaíba, foi atrás de uma história que pouquíssimos macaibenses conhecem, que é a história de José Gercino Saraiva Maia, o qual foi empresário macaibense, dono do "Supermercado Varejão", o qual era localizado onde hoje é o Banco do Brasil de Macaíba, e também, foi Secretário de Ação Social de São Gonçalo do Amarante/RN (gestão Jaime Calado), e também foi Secretário de Estado da Ação Social do Governo Vilma de Faria. José Gercino faleceu em janeiro de 2012, vítima de uma doença grave. 

Talvez poucos tenham ouvido falar em Gercino Saraiva Maia, mas, ele é irmão do Secretário de Infraestrutura de Macaíba, Rawplácido Saraiva Maia, o qual foi afastado há pouco mais de um ano, mediante decisão judicial, por envolvimento em diversos crimes por desvios de verba no contrato de iluminação pública de Macaíba. Rawplácido Saraiva Maia foi acusado de formação de quadrilha, peculato, corrupção entre outros...

Voltando para o que interessa... poucos macaibenses sabem da história de Gercino Saraiva Maia, isto é, antes dele ser empresário na cidade de Macaíba, e secretário de dois governos (SGA e no Estado). 

Para sabermos do passado de Gercino, é necessário fazermos uma busca em relatos da época do Regime Militar no Brasil, que começou no dia 01 de abril de 1964, e findou no dia 15 de março de 1985.

1. A JUVENTUDE DE GERCINO
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Gercino Saraiva Maia sempre foi um jovem intelectual. Tanto é verdade, que Gercino na época do Regime Militar no Brasil, cursava Medicina na UFRN, que naquela época, só fazia faculdade quem era inteligente, dedicado, e só passava em Medicina, quem era mais inteligente ainda (ainda hoje é assim).
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Print de tela do site "Memórias Reveladas" - Governo Federal
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Assim como a lista acima (que não está completa) demonstra, diversos estudantes da "nata" da UFRN da época do Regime Militar, dos cursos de Direito e Medicina (principalmente), foram "seduzidos" a entrar em grupos que não aceitavam o Regime Militar. Alguns deles acabaram entrando em grupos extremistas do comunismo, na luta armada, deixando para trás um futuro brilhante em suas carreiras universitárias (Medicina e Direito). 

Na época, existiam diversos grupos extremistas comunistas no Brasil, como o ALN, VPR, REDE, PCB, COLINA, VAR-Palmares, PCBR... O imaturo jovem Gercino Saraiva, acabou entrando em um desses grupos, mais precisamente no PCBR - Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, o qual praticava roubos a bancos, assassinatos, planejava sequestro de autoridade consular e atos de terrorismo. Esses grupos, cujos ex-integrantes declaram na atualidade que "lutavam pela democracia", na verdade, eles queriam tirar na força da bala, e do terrorismo, o governo do Regime Militar, e implantar no Brasil, uma ditadura comunista do proletariado, igual a que estava (e está) em Cuba.

Para aqueles imaturos jovens, não existia outro caminho: Quando não eram mortos na troca de tiros, eram presos e levados para os porões dos DOPS, a fim de entregarem os demais companheiros, ou, eram perseguidos diariamente por todo o Brasil. Eles não tinham vida social, viviam escondidos de casa em casa, de cidade em cidade, de estado em estado. Alguns fugiram para outros países. Quando eram descobertos nessas casas, que eram chamadas de "aparelhos", dificilmente o Exército não encontrava armas e munições, e em alguns casos, explosivos.

Gercino Saraiva Maia ficou muito conhecido no Brasil, depois de participar da desastrosa tentativa de roubo do Fusca do Tenente da Aeronáutica, Mateus Levino dos Santos. O objetivo, era que o Fusca participasse do sequestro do Cônsul norte-americano no Recife-PE.

No dia 26/06/1970 resolveram roubar um Fusca, estacionado em Jaboatão dos Guararapes, na Grande Recife, nas proximidades do Hospital da Aeronáutica. Militantes do PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), desceram do carro dirigido por Nancy Mangabeira Unger.  Carlos Alberto Rodrigues de Sousa, José Gercino Saraiva Maia e Luiz "Jacaré", eram integrantes do grupo. Gercino Saraiva Maia tinha o apelido de "Rivelino", dentro da organização criminosa.

Ao tentarem render o motorista, este ao identificar-se como Tenente da Aeronáutica, foi ferido gravemente por Carlos Alberto, com dois tiros: um na cabeça e outro no pescoço. O Tenente Mateus Levino dos Santos, após nove meses de impressionante sofrimento e agonia, cujos gritos de sofrimento, davam para serem ouvidos em todo o hospital,veio a falecer em 24/03/1971, deixando a viúva e duas filhas menores. O imprevisto levou o PCBR a desistir do sequestro do Cônsul norte-americano. O sequestro de cônsules naquela época, servia para usar como "moeda de troca", na soltura de prisioneiros terroristas, que estavam sob o poder do Exército. Tempos depois, após sua morte, o Tenente Levino se tornou um Herói da Pátria.

Tempos após, depois de certa investigação, Gercino (vulgo "Rivelino"), acabou sendo preso.
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 Fonte: site "dhnet.org.br"
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No dia 05 de julho de 1971, Gercino, muito arrependido, resolve escrever uma carta para o Ministro da Aeronáutica, Márcio de Souza e Mello, onde ele relatava uma passagem bíblica, o qual se identificava com a experiência de conversão do Apóstolo Paulo, e alegando que tinha abandonado a luta comunista (leia a carta em http://www.dhnet.org.br/memoria/mercia/rn/livro_vitoria.pdf).
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Recorte da carta de Gercino, reescrevida pela advogada Mércia. Fonte: site "dhnet.org.br"

Gercino muda completamente, dá entrevistas aos jornais, e fica muito conhecido em todo o Brasil, como alguém que se converteu e não queria saber da luta armada. 

Como prova disso, Gercino passou a entregar muitos companheiros da luta armada, locais de esconderijo, pessoas que davam apoio aos guerrilheiros em diversos estados brasileiros, cujas células, estavam organizadas nas cidades.

Logo após Gercino entregar muitos guerrilheiros aos militares, apontando pessoalmente os locais de esconderijo, isso gerou grande fúria nos movimentos comunistas, que queriam a todo custo por as mãos em Gercino. Inclusive, um cartaz foi espalhado na época, cujo intuito, era o de capturar Gercino e o levar para o "tribunal" deles.
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Fonte: site "dhnet.org.br"
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Muito tempo depois, Gercino volta para Macaíba, abre o seu supermercado no centro da cidade, e passa a ter uma vida pacata, e claro, nunca se descuidando dos inimigos da época da luta armada, os quais, através das suas delações, acabou encerrando muitos deles na cadeia.

Se Gercino traiu a Pátria, foi preso, se arrependeu e entregou os ex-companheiros de guerrilha, isso foi um mal que se converteu em bondade para o Brasil.

Dezenas de anos mais tarde, Rawplácido Saraiva Maia, irmão de Gercino Saraiva Maia, resolve trair a confiança do povo de Macaíba, quando atuava ativamente no cargo de Secretário de Infraestrutura de Macaíba, desviando verbas do contrato de iluminação pública da cidade de Macaíba.

Por uma ironia do destino, eis que faço a seguinte pergunta: Será que o Secretário Rawplácido irá entregar seus companheiros, assim como Gercino o fez? Será que o Secretário Rawplácido faria essa bondade ao povo de Macaíba?

Será que a história, em parte, está sendo revivida? E o desfecho será o mesmo? Será que Rawplácido entregará os companheiros e será o nosso "herói"? Aguardemos...
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Fontes da pesquisa:







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Colunista do Diário de Macaíba




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